Inovações e Desafios da Energia Solar e Armazenamento no Brasil
Congressos Intersolar South America e EES, realizados no Expo Center Norte, em São Paulo, as discussões giraram para o avanço do setor elétrico brasileiro.
Debates em Foco na Intersolar South America
No encerramento dos congressos Intersolar South America e EES, realizados no Expo Center Norte, em São Paulo, as discussões giraram em torno de temas críticos para o avanço do setor elétrico brasileiro. O evento, que reuniu especialistas da cadeia produtiva da energia solar fotovoltaica e da tecnologia de armazenamento em baterias, destacou as inovações e os desafios enfrentados pela indústria.
Durante o último dia do evento, em 28 de agosto, a atenção se voltou para a evolução das normas técnicas, a reforma tributária, a aplicação de inteligência artificial, novos modelos de negócio e a regulação do armazenamento de energia. Esses tópicos foram amplamente discutidos por especialistas e representantes do setor, que buscaram soluções para impulsionar e tornar mais eficiente o mercado de energia renovável no Brasil.
Qualidade e Segurança em Sistemas Fotovoltaicos
A sessão inaugural do dia, intitulada ‘Qualidade, Segurança e Normas em Fotovoltaica’, contou com a participação de Marisa Plaza, Analista de Certificação da ABSOLAR. Ela apresentou as evoluções normativas e regulatórias em sistemas fotovoltaicos no Brasil, destacando a importância da segurança e qualidade. Marisa enfatizou que a elaboração dessas normas é um processo participativo, convidando toda a sociedade a contribuir para o desenvolvimento de diretrizes que garantam a segurança e eficácia dos sistemas solares.
A participação ativa da sociedade na elaboração de normas técnicas é crucial para assegurar que as regulamentações atendam às necessidades tanto dos consumidores quanto dos produtores de energia solar. Esse envolvimento contribui para a criação de um ambiente mais seguro e eficiente para a expansão da energia fotovoltaica no país.
Impactos da Reforma Tributária e Barreiras Comerciais
O painel ‘Barreiras Comerciais e Políticas Fiscais e Seus Impactos na Cadeia Logística no Brasil’ trouxe à tona questões cruciais sobre a tributação no setor solar. Ana Martinez, Vice-Coordenadora do GT Logística e Tributação da ABSOLAR, abordou a questão do imposto de importação de módulos fotovoltaicos, ressaltando o papel da associação na redução desse imposto de 25% para 9,6%, uma medida que beneficia toda a cadeia produtiva.
Ricardo Ferreira, Gerente Sênior de Impostos Indiretos da Ernst & Young, apresentou as implicações da Reforma Tributária para o setor elétrico. Ele explicou que a transição das tarifas começará em 2026, com a substituição de PIS e Cofins pelo CBS a partir de 2027. Ferreira destacou que as usinas de geração centralizada continuarão a usufruir dos benefícios do Reidi, mas passarão a ser tributadas pelo CBS.
Inteligência Artificial na Operação de Plantas Solares
A utilização de inteligência artificial na operação de plantas solares foi um dos temas centrais do evento. Henrique Ribeiro, da S&P Global Commodity Insights, discutiu como a IA generativa pode otimizar processos de operação, gestão de redes e escolha de locais para novas plantas. A tecnologia, segundo ele, pode melhorar significativamente a eficiência e o retorno econômico das usinas.
João Lucas Silva, da Unicamp, reforçou que a inteligência artificial pode detectar falhas e anomalias, otimizando o desempenho e a rentabilidade das usinas solares. Essa aplicação da IA representa uma evolução significativa na gestão e operação de sistemas fotovoltaicos, contribuindo para uma maior eficiência energética.
Modelos de Negócio e Regulação de Armazenamento
Ana Carla Petti, Diretora de Regulação da Comerc Energia, destacou a rápida queda nos custos das baterias e o crescente uso dessa tecnologia em escala global. Ela explicou que as baterias podem ser carregadas em momentos de menor custo de geração e utilizadas durante picos de demanda, reduzindo o custo da energia.
A sessão ‘Marco Legal, Agenda Tributária e Políticas Públicas’ destacou a importância da flexibilidade na operação do sistema, com as baterias desempenhando um papel crucial no Sistema Interligado Nacional (SIN). Talita Porto, Diretora Técnico-Regulatória da ABSOLAR, mencionou que o Leilão de Reserva de Capacidade de baterias está previsto para 2026, e que as experiências internacionais podem servir de modelo para o Brasil.
Desafios e Soluções para Sistemas Isolados
Claudir Afonso da Costa, do MME, abordou os desafios dos sistemas isolados, destacando a importância das baterias para superar as dificuldades de infraestrutura de transmissão devido à vasta extensão territorial do Brasil. Ele sugeriu que a integração de baterias pode ser uma solução viável para essas regiões.
Frederico de Freitas Taves, da Eletrobras, falou sobre o Programa de Redução Estrutural de Custos de Geração de Energia na Amazônia Legal. O programa visa substituir a geração própria ou alugada por fontes renováveis, com ou sem armazenamento. Taves ressaltou a necessidade de tratar os sistemas isolados de forma justa, devido à infraestrutura elétrica deficiente e à ocorrência de apagões.
“O retorno econômico das usinas pode ser otimizado com o apoio da IA” – João Lucas Silva, Unicamp
Fonte: www.absolar.org.br